quarta-feira, 18 de julho de 2012

Deficientes: Diferentes sim, desiguais não!


“Triste mundo, que veste quem está vestido e despe quem está nu.”

(Calderón de La Barca)
Um dos maiores problemas observados em nosso país ao longo dos tempos, perpetuando-se até o século atual tem sido o desemprego e conseqüentemente a exclusão social. Uma das causas seria a globalização dos mercados, a qual requer das empresas, de maneira crescente, um alto grau de produtividade a baixos custos. Tais exigências, para serem efetivadas, necessitam de mão-de-obra cada vez mais preparada profissionalmente, tanto no nível de escolaridade quanto na especialização para o desempenho de funções técnicas. Portanto, não é difícil concluir que a inserção dos jovens advindos de famílias de baixa renda no mercado de trabalho é ainda limitado. Imaginemos então a situação de um portador de necessidades especiais. Quais suas chances concretas? Antes de tudo, é fundamental esclarecer o seguinte: um ser humano com alguma deficiência, não deixa de ser uma pessoa igual a todas nós, no entanto com algumas peculiaridades, ou seja, características e limitações próprias, como todos nós temos, em graus e natureza variados. O importante é considerar a deficiência como uma característica que apenas se acrescenta à pessoa, e não a diminui. Neste artigo, especificamente, dou mais destaque à profissionalização, entretanto não considero menos importantes as dificuldades de acesso aos demais direitos, tais como: escola, saúde, cultura, lazer etc.
Ao longo dos tempos, a exclusão dessa parcela da população do acesso à educação e cultura de uma forma em geral, lesou seriamente suas oportunidades de inserção trabalhista e social. De acordo com o Censo Demográfico de 2000 (IBGE), 25 milhões de brasileiros, 14,5 % da população, têm algum tipo de deficiência. E no mundo inteiro, existem hoje cerca de 500 milhões de pessoas com deficiência1. São pessoas que lutam pelos seus direitos, pela qualificação profissional, pela educação e pela inclusão. Quando trabalham (não é a regra, diga-se de passagem), a grande maioria está na informalidade, realizando atividades aquém de suas capacidades, salários abaixo do mínimo e sem estrutura que atenda às suas necessidades específicas. Essa realidade torna esse grupo um dos mais vulneráveis da sociedade atual.
O Brasil de hoje é resultado e conseqüência do Brasil de ontem.Durante muito tempo, por ignorância e medo os portadores de deficiência foram cuidados pela caridade e filantropia, impedindo-os de trabalhar. Infelizmente isso não é coisa do passado, o preconceito persiste. Enquanto isso, em pleno século XXI, nossos governantes insistem na implementação de políticas que criam centros isolados de atendimento para estas pessoas. Segregando-os, ocultando-os, dessa forma, quase não aparecem, permanecem à margem da sociedade, transmitindo uma falsa idéia de que o problema está neles próprios, como se fossem incapazes de se integrarem à sociedade, quando na verdade é a própria sociedade que lhes impede o acesso. Eles existem aos milhares, mas são como um exército de invisíveis, isolados do mundo, sem acesso aos seus direitos como seres humanos e cidadãos. E como se não bastasse, a inadequação das condições de arquitetura, transporte e comunicação, tem impedido o acesso de inúmeras pessoas competentes e produtivas no mercado de trabalho.
Senão vejamos, vamos elencar alguns problemas, os quais para a maioria da população podem até passar despercebidos, mas que são obstáculos, por vezes intransponíveis para os portadores de deficiência.
  • Somente escadas como forma de acesso aos prédios sem elevador;
  • Portas de circulação estreitas;
  • Elevadores pequenos e sem sinalização em Braille;
  • Inexistência de banheiros adaptados;
  • Balcões altos para atendimento de pessoas em cadeira de rodas ;
  • Calçadas estreitas, com pavimento deteriorado e com obstáculos difíceis de serem detectados por pessoas com deficiência visual;
  • Inexistência de vagas de estacionamento. O espaço insuficiente de uma vaga pode dificultar a entrada e a saída do carro de usuários de cadeira de rodas e muletas;
  • O transporte é o campeão de queixas das pessoas com deficiências por ser o ambiente onde elas se sentem mais desrespeitadas, segundo pesquisa realizada em Salvador pela ONG Vida Brasil e pela Comissão Civil de Acessibilidade de Salvador (Cocas), em 2003/04.2
Vale ressaltar que a partir de 1991, com a implantação da Lei 8.213/91, as empresas passaram a observar a importância de admitirem em seu quadro de funcionários um portador de deficiências. No entanto, não basta empregá-los demonstrando atitudes paternalistas ou adotando projetos assistencialistas. Falo isso, inclusive por experiência própria, pois há alguns anos, ao ser designada para implantar um Projeto de Inclusão Digital para deficientes físicos, encaminharam-me para uma visita à uma Associação Comunitária. Ao chegar lá, apresentaram-me o local, com 10 computadores, recebidos há mais de cinco meses, através de doação, mas em perfeito estado. E tristemente constatei que jamais haviam sido utilizados, pelo simples fato de que não dispunham de instalação elétrica adequada, de monitores/professores qualificados. Acesso à internet, então, nem se fala. Nem dispunham de linha telefônica. Dessa forma, profissionalizar não é um mero ato de generosidade e filantropia, é preciso capacitar o portador de necessidades especiais para que ele se transforme em multiplicador de informações. Podemos dizer que, a inclusão social é, na verdade, uma medida de ordem econômica, já que o portador de deficiência torna-se cidadão produtivo e participativo, diminuindo, assim, os custos sociais.
O essencial é produzir instrumentos eficientes para a redução e eliminação das barreiras. O acesso de portadores de necessidades especiais ao mercado de trabalho é um dos aspectos do processo de inclusão, importante por proporcionar às pessoas condições para a satisfação de suas necessidades básicas, a auto-valorização e o desenvolvimento de suas potencialidades. Sendo assim, profissionalizá-los, exige elaboração de programas específicos cujo principal objetivo seja a adoção de práticas que transformem essas pessoas em profissionais competitivos. Pensando dessa forma, entendemos que a profissionalização do portador de necessidades especiais é uma etapa do seu processo educativo, e este deve promover seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social. Assim como criar oportunidades para este criar novos vínculos e de experimentar o prazer de ser útil, consciente e responsável, resgatando sua auto-estima e cidadania.
O processo de legitimação dos direitos humanos não se resume à legalidade de textos, mas a partir das ações de uma sociedade consciente que, reconhece-os e reivindica-os, alavancando assim a mudança e aplicação das leis. Essa é o verdadeiro significado da cidadania, conquistada e praticada por pessoas e movimentos sociais.

Deficiente

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz".

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E "Miserável" somos todos que não conseguimos falar com Deus.
Renata Vilella

MAIS UM POUCO DE NÓS!




Vimos um grande elenco de desigualdades que refletem a realidade social do Brasil de hoje. Há inúmeros problemas neste país, alguns muito simples de serem resolvidos, outros que já demandam um maior esforço, mas basicamente, todos podem ser superados. Muitos deles podem ser resolvidos a partir de políticas voltadas para programas educacionais com o intuito de esclarecer a população sobre determinadas inverdades que tocam a vida em sociedade. Um destes problemas é a situação atual das pessoas portadoras de deficiência física.

Vítimas de problemas congênitos, enfermidades ou causas traumatológicas, estes indivíduos perfazem grande parte dos excluídos no Brasil, sendo quase sempre esquecidos nos porões da desigualdade, pois no Brasil nutre-se a idéia de que todo deficiente, pela própria limitação física, torna-se um inválido. Uma idéia torpe, visto que as melhores qualidades de um indivíduo limitado pela deficiência podem se refletir por outros meios e potenciais, não somente pelas mãos e pernas, mas também pelo seu cérebro. A sociedade ainda não conseguiu entender que o maior potencial humano está em sua mente, capaz de produzir os mais belos frutos, mesmo com limitações motoras. Para alguns, mais do que deficientes estes indivíduos passam a idéia de seres imperfeitos. Este conceito é errôneo porque não se leva em conta o que as pessoas deficientes fazem ou podem fazer e sim o que não fazem.

Piedade, protecionismo ou paternalismo ofendem a dignidade do indivíduo portador de deficiência. Felizmente, hoje, no Brasil, existe uma maior conscientização do respeito devido aos deficientes, haja visto a inclusão de vagas específicas para portadores de deficiências em concursos públicos. O deficiente tem direito à uma posição digna que o ajude a se habilitar e se integrar ao mundo, oferecendo-lhe condições e oportunidades de mostrar toda a sua capacidade inata e ainda não usufruída. Esta integração junto à comunidade se configura quando lhe estão garantidos os direitos à uma vida digna, com educação, trabalho, esporte, enfim, com todas as oportunidades oferecidas a um cidadão comum, mas observando-se suas dificuldades e limitações.

Além do direito ao trabalho, à educação e outras atividades inerentes a qualquer cidadão comum, o portador de deficiência física tem garantido o seu direito de ir e vir, locomovendo-se para onde desejar. Entretanto, muitas vezes, este direito é barrado por um simples degrau, por exemplo. Quando da construção de edifícios públicos, há que ser observada a legislação que prevê o acesso adequado destes indivíduos nestes lugares, evitando-se de excluir o portador de deficiência de realizar desejos de sua vontade mais simples como ir ao banheiro, por exemplo.

Os portadores de deficiências físicas tiveram muitas conquistas nos últimos anos. Na verdade, como em todos os segmentos sociais, as conquistas dos deficientes são resultados de seus próprios trabalhos, principalmente através das entidades que os representam, por meio de protestos e reivindicações das mais variadas. A sociedade precisa compreender que os indivíduos portadores de deficiências representam 10 % da população brasileira e, por este motivo, devem ser vistos como sujeitos passivos de direitos como qualquer outro cidadão.

domingo, 27 de maio de 2012

Parabéns à AACD – 61 anos de história e amor

A Associação de Assistência à Criança Deficiente é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que trabalha há mais de 61 anos pelo bem-estar de pessoas com deficiência física. Ela nasceu do sonho de um médico que queria criar no Brasil um centro de reabilitação com a mesma qualidade dos centros que conhecia no exterior, para tratar crianças e adolescentes com deficiências físicas e reinseri-los na sociedade. Foi pensando nisso que o Dr. Renato da Costa Bomfim reuniu um grupo de idealistas e, no ano de 1950, fundou a AACD.
No começo, a entidade funcionava em dois sobrados alugados na Rua Barão de Piracicaba, na cidade de São Paulo. Mas graças à colaboração dos primeiros doadores, a AACD pôde fundar seu primeiro centro de reabilitação num terreno doado pela Prefeitura, na rua Ascendino Reis.

Missão: promover a prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência física, especialmente de crianças, adolescentes e jovens, favorecendo a integração social.
Visão: ser a opção preferencial em Reabilitação e Ortopedia para pacientes, médicos, profissionais da área, convênios e apoiadores, e ser reconhecida pelo seu elevado padrão de qualidade e eficácia, com transparência, responsabilidade social e sustentabilidade.
Valores: responsabilidade social, respeito ao ser humano e suas diferenças, ética, qualidade, eficácia, competência e transparência.
Há mais de uma década, a AACD realiza o Teleton, que todo ano reúne artistas, apresentadores e personalidades numa maratona televisiva em busca de doações.
Mas nossos pacientes precisam de cuidado todos os dias. Em qualquer época do ano tem sempre um jeito de você ajudar a AACD a cuidar de crianças, jovens e adultos deficientes físicos. Quer saber como?Clique aqui.
Fonte: AACD

TELETON (de 1998 à 2009!)


A história:
O Teleton, criado pelo ator e comediante Jerry Lewis que tinha como objetivo arrecadar fundos para uma instituição de crianças deficientes, chegou ao Brasil em 1998. A pedido da apresentadora Hebe Camargo e do presidente da AACD na época, o animador Silvio Santos colocou no ar, por mais de 26 horas, uma maratona que visava arrecadar fundos para a Associação de Assistência a Criança Deficiente. A partir daí, começa uma história de sucesso e o projeto passa a fazer parte do calendário do brasileiro.
Túnel do Tempo:
1998 – Chega o tão esperado dia 16 de maio. Silvio Santos, aparentemente nervoso, faz a abertura da campanha onde o tema musical é a já conhecida “Depende de Nós”, cantada na voz de Fafá de Belém.
É dado o ponta pé inicial e pelo palco passam artistas, apresentadores, cantores, jornalistas e até contratados de outras emissoras como Xuxa Meneghel que fez um depoimento para a maratona. A campanha é um sucesso.
Ainda no Gol Show Especial, apresentado por Silvio Santos, a meta de R$9 milhões é atingida e todo o dinheiro é revertido para a construção da 2ª unidade da AACD, em Recife, Pernambuco.
Ao contrário das edições seguintes, este Teleton começou na noite de sábado, indo até madrugada de domingo para segunda.
Total arrecadado: R$ 14.855.000
1999 – Chega mais um ano e a promessa feita por Silvio Santos dizendo que seria realizado um Teleton por ano, é realizada, agora nos dias 17 e 18 de setembro.
Devido o sucesso da edição anterior, mais emissoras de rádio e tv entram na campanha, algumas como a Tv Cultura fazendo a transmissão durante as mais de 24 horas e cedendo seus estúdios, e outras como Record, Bandeirantes, RedeTV! e Globo transmitem flashes da maratona.
A campanha é um sucesso e mais uma vez atinge a sua meta. Com o dinheiro arrecadado, é construída a unidade da AACD em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Total arrecadado: R$ 10.147.000
2000 – Realizado nos dias 1º e 2º de setembro, o Teleton 2000 surpreende pela sua grande estrutura.
Realizado na moderna casa de shows Via Funchal, em São Paulo, a maratona recebeu vários artistas, tanto do SBT quanto de outras emissoras. A maratona foi dividida em blocos temáticos, algo parecido com o que foi realizado no Teleton 2008.
Estendendo-se até a madrugada de sábado para domingo, o show atinge a sua meta e arrecada mais de R$10 milhões, revertidos na construção da unidade de Uberlândia, Minas Gerais.
Total arrecadado: R$ 10.226.000
2001 - Realizada nos dias 26 até a madrugada do dia 28 de outubro, este que junto de novembro passam a ser os meses oficiais de realização do Teleton, a maratona faz sucesso e agrada a todos.
Logo na noite de sexta, é apresentado o “Show do Milhão Celebridades”, sob o comando de Silvio Santos e contando com a participação de artista como Eliana, Luciana Gimenez, Netinho e Paulo Henrique Amorim.
Nas quase 29 horas que a maratona ficou no ar, um recorde de duração da história de todos os Teleton’s, a meta de R$10 milhões é alcançada e o dinheiro é utilizado para a manutenção das unidades já existentes.
Total arrecadado: R$ 11.847.000
2002 - Realizado nos dias 8 e 9 de novembro, devido o crescimento da AACD e junto dela os seus gastos, o Teleton propõe uma meta que até então na época era de assustar: R$15 milhões.
Apesar disso, foi realizado um das melhores edições de todas, com especiais como a “Batalha dos Artistas”, realizada no parque do SBT e o “Show de Talentos”, em que artistas mostravam o que mais sabiam fazer além de apresentar/cantar/atuar.
Apesar da meta ousada, ela é alcançada e atinge uma arrecadação recorde até então, sendo o dinheiro revertido na construção da unidade de Osasco, em São Paulo.
Total arrecadado: R$ 16.420.423
2003 – Mesmo não sendo um evento do SBT, esse Teleton foi afetado pelo começo da crise de audiência do canal e o escândalo do PCC protagonizado pelo apresentador Gugu.
Realizado nos dias 3 e 4 de outubro, a maratona mais uma vez liderada por Silvio Santos e Hebe Camargo, pela 1ª vez em 6 anos não atinge a sua meta, a mesma de 2002.
Vários fatores como de ter muito material gravado como o período todo da manhã, ter o mesmo cenário das últimas duas edições e o escândalo do PCC envolvendo o Domingo Legal que sujou a credibilidade da emissora, são alguns que levaram ao fracasso da campanha.
Apesar de não ter repetido o sucesso do ano anterior, a maratona arrecadou R$13,5 milhões nas 27 horas que ficou no ar.
Mas para não deixar passar em branco e tentar pelo menos alcançar a meta, no dia 13 de outubro é realizado o Hebe Especial Teleton, contando com a presença de Daniel, Fábio Júnior, Ivete Sangalo e o Padre Marcelo Rossi.
Em pouco mais de 1 hora em que o programa ficou no ar, foram arrecadados R$700 mil, o suficiente para atingir a meta. Com o dinheiro, é construída a unidade da AACD em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro.
Total arrecadado: R$ 15.000.000
2004 – Para não repetir o fracasso da última edição, é feita uma das maiores mobilizações do Teleton no Brasil. Meses antes, no “Casa dos Artistas 4 – Protagonista de Novela”, Silvio Santos já pedia que o público juntasse 5, 10 centavos por dia para ter os R$5 no dia do programa.
Realizado nos dias 19 e 20 de novembro, a campanha volta com um formato renovador, com especiais e neste ano são lançados o Tonzinho feito em 3D, o placar que muda sem parar e é lançada a Corrente do Bem, fruto do garoto Felipinho que desde 99 leva doações de sua família.
Logo no começo é notável o sucesso da campanha. Já de madrugada as arrecadações ultrapassam a casa do R$1 milhão, algo que só aconteceu no período da manhã em 2003.
Mesmo assim, era pouco, já que a meta era R$1 milhão a mais que no ano anterior, R$16 milhões. A campanha é um sucesso e a meta é atingida, sendo comemorada com alívio por Silvio e Hebe: A maratona ainda é um sucesso.
O dinheiro arrecadado é utilizado na manutenção das unidades já existentes.
Total arrecadado: R$ 16.616.032
2005 – Realizado nos dias 28 e 29 de outubro, a campanha deste ano tem como objetivo a construção de uma nova unidade e para isso, é preciso ultrapassar o arrecadado no ano anterior.
Começando por volta das 21h, indo até às 01h30, a maratona tem uma nova música tema: “Amor”, cantada por Fafá de Belém e Daniel, tornando-se o hino oficial do Teleton.
O programa recebe centenas de artistas, de várias emissoras e faz especiais como o Roda a Roda com Roque, Patrícia Salvador e Lombardi como jogadores e Liminha como a mulher que abria o painel.
Logo depois, foi exibido o Family Feud com a turma do Pânico na Tv contra a família do cantor Daniel, onde os humoristas saem vencedores.
Assim que Silvio Santos entrou no palco pro encerramento, o placar ultrapassava os R$10,3 milhões, o maior valor já arrecadado até a entrada do apresentador na história do programa.
Embalado por Daniel e Ivete Sangalo, o país doou e a meta é atingida, sendo possível a construção da unidade em Joinville, Santa Catarina.
Total arrecadado: R$ 16.150.890
2006 – Realizado nos dias 10 e 11 de novembro, a abertura musical é feita pelo vencedor da 1ª temporada do Ídolos, Leandro Lopes.
Nas 27 horas que ficou no ar, a maratona mostrou histórias comoventes e pela 1ª vez deixa de ter um especial.
Neste ano a maratona é interrompida para a exibição do reality “Bailando Por Um Sonho” e o encerramento têm a participação do cantor mexicano Diego Gonzalez.
A meta é atingida mais uma vez e o dinheiro é utilizado na manutenção das unidades e diminuição na fila de espera para a cirurgia da escoliose.
Total arrecadado: R$ 16.162.588
2007 – É um ano muito especial ao Teleton. A maratona chega a sua 10ª edição e nesses 10 anos, graças ao público brasileiro, foram construídas 8 unidades da AACD, possibilitando que cerca de 5 mil pessoas sejam atendidas por dia, mais de 1 milhão por ano e arrecadado mais de R$120 milhões.
Apresentado nos dias 19 e 20 de outubro, com abertura feita por Silvio Santos e cantada por Claudia Leitte, o programa apresenta um cenário que muda a cada algumas horas e conta com a partipação de muitos artistas, dentre eles a apresentadora Eliana que até então ainda era da Rede Record.
Um dos momentos marcantes, além da homenagem a Hebe Camargo e Silvio Santos, foi o seu encerramento em que o apresentador fez a famosa dança do siri, fazendo todos rirem.
A maratona foi um sucesso e ultrapassou a arrecadação de 2006, chegando a R$17 milhões. O dinheiro arrecadado é utilizado na construção da unidade da AACD em São José do Rio Preto, São Paulo.
Total arrecadado: R$ 17.111.159
2008 – Com um novo diretor em seu comando, Teleton é reformulado e sua abertura é realizada no Auditório do Ibirapuera, nos dias 7 e 8 de novembro.
Acontece que o público estava tão acostumado com a “simplicidade” do Teleton que se espantou com o show, não reconheciam a maratona, nem mesmo o gc de doações tinha a logo do programa e o placar quase não era visível.
Resultado: A arrecadação foi se arrastando pela madrugada, pela manhã de sábado e pelo resto do dia, sendo “beneficiado” por uma edição com material gravado por duas horas na manhã, no período da tarde e a noite, um dos principais horários de arrecadação.
Apesar da arrecadação ter sido fraca até o encerramento, a meta de R$18 milhões foi alcançada com sucesso graças as empresas e, sem desmerecer é claro, o público brasileiro.
Mas em termos de sucesso, melhor esquecer esse Teleton. O dinheiro arrecadado é utilizado na diminuição da fila de espera de 32 mil pessoas, podendo levar mais de 5 anos pra ser atendido.
Total arrecadado: R$ 18.955.948
2009 – É feita uma grande campanha de divulgação da maratona deste ano.
Com a campanha “Eu me Movo”, a maratona agora contava com Eliana como sua embaixadora oficial, posto também da cantora Ivete Sangalo.
Feito 100% nos estúdios do SBT nos dias 23 e 24 de outubro, a campanha recebe muitos artistas das concorrentes que compõe a Rede da Amizade. Artistas da Bandeirantes, da Rede Globo, da Gazeta, da Tv Cultura e da RedeTv! comparecem e integram na campanha que tem como meta alcançar R$19 milhões. Numa atitute infeliz, a Rede Record é a única a não liberar os seus artistas.
Com material gravado só na madrugada, reprisando os melhores momentos dos 12 anos da campanha, a arrecadação flui e supera a do ano anterior e a meta estabelecida, sendo possível a construção da unidade em Poços de Caldas, Minas Gerais e a construção de dois ambulatórios com o apoio da prefeitura e governo do estado de São Paulo.
Total arrecadado: R$ 19.355.137
2010 – Mais um Teleton chega e com ele uma bela trajetória de 13 anos, com histórias emocionantes, momentos de descontração e de muita união e amor de todo um país.
Neste ano a maratona será realizada nos dias 5 e 6 de novembro, tendo como meta R$20 milhões e seu objetivo que é construir uma nova unidade da AACD.
A ideia agora é de construir pelo menos uma unidade em cada estado, facilitando o acesso de milhares de deficientes físicos.
A abertura ficará sob o comando de Silvio Santos que logo depois deixará o palco para ser comandado pela madrinha, Hebe Camargo, e pela cantora Claudia Leitte.
Nessa maratona de mais de 26 horas, mais de 70 artistas vão passar pelo palco, artistas também de outras emissoras. Como sempre, teremos histórias emocionantes e belas lições de vida.
Curiosidades:
- Em 1998, os artistas Renato Aragão e Xuxa Meneghel fizeram um depoimento para que o povo brasileiro fizessem a sua doação, algo inimaginável nos dias de hoje devido a infeliz “concorrência” entre o Teleton e o Criança Esperança.
- Em 1999, o Teleton foi realizado nos estúdios da Tv Cultura e, consequentemente, o microfone “aviãozinho” de Silvio Santos falhou e ele teve de usar o microfone usado por Hebe Camargo e Gugu, o de mão. Um momento raro da televisão.
- Em 2001, outro momento marcante. Após a insistência de Hebe Camargo em lhe dar o famoso selinho, Silvio Santos faz o cumprimento mas em outra pessoa, no cantor Gilberto Gil. Inesperado.
- Em 2003, no encerramento da maratona em que a meta não foi atingida, Silvio comenta sobre o seu desejo de todas as emissoras de televisão se reunirem e fazerem o Teleton, o que acontece no Chile.
No final do depoimento, Silvio solta o verbo: “Tudo por causa desse maldito Ibope!”, ao vivo.
- Em 2006, a maratona recebe o cantor mexicano Diego Gonzalez, ator da novela “Rebelde”. Apesar do sucesso da novela, Silvio Santos acreditava que o ator e cantor também fazia parte do grupo “RBD” e, constrangido, o jovem tentava explicar que fazia parte da novela mas não do grupo musical. Não adiantou muito.
- Em 2008, ao receber a doação do Guaraná Antarctica, Hebe Camargo ajoelhou-se como agradecimento. Mas ao receber a doação da empresa Hipercard, ela e Silvio Santos deitaram no palco, causando risos em quem acompanhava.
- Em 2009, Adriane Galisteu e Luciana Gimenez fizeram um trato com o telespectador: se fosse ultrapassada a casa dos R$600 mil, as apresentadoras dariam um selinho, no palco. Dito e feito.
- Bradesco é a empresa mais “antiga” na campanha, apóia desde 1998. Logo atrás vem o Grupo Votorantim, parceira desde 1999.
As 5 maiores doações do Teleton:
1º Unibanco – R$3,7 milhões (Teleton 2008)
2º Hipercard – R$3,5 milhões (Teleton 2009)
3º Itaú Unibanco Capitalização – R$3,3 milhões (Teleton 2009)
4º Hipercard – R$2,6 milhões (Teleton 2008)
5º Gol Linhas Aéreas – R$2 milhões (Teleton 2007)

terça-feira, 22 de maio de 2012

O preconceito social contra a pessoa com deficiência: algumas implicações

Um dos aspectos que marca profundamente as relações sociais da pessoa com deficiência é a ignorância, no sentido de falta de saber e de ausência de conhecimento. Quanto a isso podemos dizer que
[...] ignorância não é atributo apenas dos mais pobres ou dos que têm menos estudo. É algo que está presente em todas as camadas sociais, em muitas famílias, grupos de empresários, funcionários do governo (federal, estadual ou municipal) e, até mesmo, em muitos médicos que não se especializaram em reabilitar pessoas portadoras de deficiência ou que não têm prática no tratamento de algumas restrições do corpo (leves ou profundas) (RIBAS, 1996, p.63, destaque do autor ).
Ribas (1996) coloca a ignorância como sendo responsável por preconceitos relacionados às pessoas que têm deficiências, pois quando alguém não sabe, começa a achar, podendo assim fazer interpretações que muitas vezes fogem da realidade da vida das pessoas com deficiência física, mental ou sensorial.
Sobre os preconceitos Ribas (1996, p.64) ainda nos dá a seguinte contribuição:
[...] em maior ou menor grau, todos nós somos preconceituosos. Ninguém escapa. Nem mesmo pesquisadores universitários e acadêmicos. Isso porque a primeira impressão é sempre preconceituosa, já que está relacionada a algo com o qual jamais tivemos contato. É verdade que os pesquisadores universitários e acadêmicos (sobretudo os que trabalham com as ciências humanas) reelaboram o preconceito que existe dentro deles, até mesmo para conseguir pesquisar. E aí, então, conseguem enxergar o que está por trás da primeira imagem.
O preconceito com relação a pessoas com deficiência vem muitas vezes imbuído de um sentimento de negação, ou seja, a deficiência é vista apenas como limitação ou como incapacidade. A sociedade, embora tenha um discurso que prega a inclusão social de pessoas com deficiência, ainda vê essas pessoas pelo que não têm, ou pelo que não são. Não nos acostumamos a olhar os sujeitos que têm deficiência pelo que têm ou pelo que são. Nesta medida, a pessoa com deficiência auditiva é aquela que não ouve, a pessoa com deficiência visual é aquela que não enxerga. Ou seja, nos aproximamos da deficiência a partir da negação. A pessoa com deficiência é sempre aquela que não tem ou não apresenta alguma capacidade que a outra tem ou apresenta. Dessa forma, o sentimento de negação pressupõe sempre uma atitude e um comportamentode negação que traz para essas pessoas sérias conseqüências como exclusão, marginalização, discriminação, entre outras.
Esse sentimento de negação acompanhado de uma atitude e comportamento negativos com relação à pessoa com deficiência acaba por refletir em um sentimento de que é "melhor não viver assim", sentimento esse que ainda é razoavelmente difundido nos dias atuais e que coloca em questão um tema muito polêmico: a morte. Isso porque ao ver a deficiência apenas pelo lado negativo, não se consegue enxergar um horizonte para aquele que tem uma deficiência física, mental ou sensorial, sendo que:
Muitos pais que tiveram filhos com deficiência contam que em algum momento lhes passou pela cabeça que seria melhor, para o próprio filho, não viver. Muitos paraplégicos contam que o desejo de morrer surgiu principalmente logo após o acidente que trouxe a lesão medular. Para os pais que tiveram filhos com deficiência e para as próprias pessoas com deficiência a aceitação passiva da morte resulta da perda de sentido da vida. (RIBAS, 2007, p.24).
Além disso, Ribas (2007) ainda aponta para o perigo de que ao interpretarmos a deficiência como algo suficientemente adversa a ponto de abalar o sentido da vida, logo passemos a justificar a interrupção da gestação de bebês que comprovadamente irão nascer com deficiência, uma vez que o sentimento de que talvez não valha a pena viver sendo uma pessoa com deficiência, pode levar à sensação de que talvez não valha a pena nascer com uma deficiência, o que poderia implicar em atitudes como o aborto, por exemplo.
No entanto, é necessário esclarecermos que o sentimento de que não vale a pena viver tem sua origem nas relações sociais vivenciadas por famílias e por pessoas com deficiência. Estando, portanto, esse sentimento ligado ao sentimento de perda. E essa perda tem sempre como modelo determinado padrão de normalidade. Ter uma deficiência é ter que conviver com a diferença (com toda carga ideológica negativa que esse termo carrega na sociedade capitalista). Neste contexto, o sentimento que não vale a pena viver é um produto social que a pessoa com deficiência e seus familiares acabam por consumir em determinado momentoda vida. Desta maneira, os sentimentos que prejudicam a vida das pessoas que têm deficiência e de seus familiares são frutos de situações concretas de vida, nas quais estão presentes determinantes sociais, culturais, econômicos e políticos.
Nesta perspectiva, olhar a deficiência a partir da negação resulta, por conseguinte, na negação do direito da pessoa com deficiência de viver na sociedadecom igualdade deoportunidades. Sendo assim, a pessoa com deficiência está sujeita na sua vida cotidiana a vários impedimentos. Embora a legislação brasileira refute qualquer tipo de cerceamento no exercício da cidadania dessas pessoas, os impedimentos ainda persistem, se configurando em vários tipos de barreiras.
O Decreto nº 5296 de 2 de dezembro de 2004define barreiras como sendo qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público;
b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior das edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas internas de uso comum nas edificações de uso privado e multifamiliar.
c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços de transporte;
d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação.
Além das barreiras citadas acima denominadas de barreiras físicas, podemos elencar mais dois tipos de barreiras:
a) barreiras sistêmicas: relacionadas a políticas formais e informais. Exemplo: escolas que não oferecem apoio em sala de aula para alunos com deficiência, bancos que não possuem tratamento adequado para pessoas com deficiência.
b) barreiras atitudinais: são os preconceitos, estigmas e estereótipos que implicam em um comportamento negativo com relação à pessoa com deficiência como repudiar, discriminar e excluir com base na condição física, mental ou sensorial.
Quando analisamos as inúmeras barreiras que as pessoas com deficiência enfrentam, não podemos deixar de mencionar as dificuldades que encontram para ingressar no mercado de trabalho, isso porque:
O mercado de trabalho é competitivo e por isso mesmo segregativo para todos. A rotatividade da mão-de-obra desqualificada é intensa, jogando à margem das empresas um exército de pessoas que mais do ninguém precisa trabalhar para manter a vida. Deste exército fazem parte os considerados menos aptos. [...] para os empresários e para o Estado os deficientes estão incluídos entre os menos aptos. (RIBAS, 1985 p.85-86).
O decreto nº 3.298 de 1999 determina que toda empresa com cem ou mais empregados deva preencher de dois a cinco por cento dos seus cargos com beneficiários da Previdência Social reabilitados ou com pessoa com deficiência habilitada; porém a lei nº 8.213 de 1991 já obrigava as empresas a contratar pessoas com deficiência (RIBAS, 2007). Mas foi o decreto nº 3.298 que incumbiu o Ministério do Trabalho de fiscalizar o cumprimento da lei, assim:
[...] tanto o Ministério do Trabalho quanto o Ministério Público do Trabalho saíram a campo procurando saber quais empresas estavam de fato cumprindo a lei e alertando aquelas que não estavam cumprindo que não haveria qualquer motivo ou justificativa plausível que as desobrigasse da responsabilidade de contratar (RIBAS, 2007, p.99).
No entanto, ainda segundo Ribas (2007), logo que o poder público de fiscalização iniciou a pressão, algumas empresas contrataram advogados pedindo que buscassem argumentos jurídicos que as livrassem da obrigatoriedade de contratar as pessoas com deficiência, porém não tiveram nenhum êxito com esta atitude, uma vez que:
[...] O que o poder público entende até hoje é que a lei que determina a contratação de pessoas com deficiência pelas empresas conhecida por Lei de Cotas faz parte de uma política de discriminação positiva que, por meio da obrigatoriedade imposta por lei, vem compensar anos e anos de exclusão do mundo do trabalho. Baseado nesse princípio, todo e qualquer arrazoado que venha de departamento jurídico de empresas e que queira justificar a impossibilidade de sequer imaginar alternativas de inclusão profissional tem contado com a mais absoluta intolerância do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho (RIBAS, 2007, p.99).
Percebemos, então, que na atualidade, através das leis está ocorrendo uma maior inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Mas, essa inclusão prima pelo valor quantitativo e não qualitativo, uma vez que a inserção dessas pessoas dentro da empresa se dá, na maioria das vezes, no campo da subalternidade, ficando essas pessoas com trabalhos que exigem menos qualificação e, por conseguinte, menos remunerados. São poucas as empresas que realmente investem na capacitação de pessoas com deficiência e quando investem é em nome da obrigatoriedade e não do direito dessas pessoas. Porém, não devemos esperar que as empresas façam isso. A luta pelos direitos da pessoa com deficiência é a luta de todos e como tal, deve fazer parte da agenda do governo, da sociedade edos movimentos sociais em geral. Lutar por igualdade de oportunidades para a pessoa com deficiência é lutar por igualdade de oportunidade para todos os segmentos marginalizados e discriminados.
Referências
RIBAS, João Baptista Cintra. As pessoas portadoras de deficiência na sociedade brasileira. Brasília, DF: CORDE, 1997.
______. O que são pessoas deficientes. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.
______. Viva a diferença: convivendo com nossas restrições ou deficiências. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.
______. Preconceito contra as pessoas com deficiência: as relações que travamos com o mundo. São Paulo: Cortez, 2007. (Preconceitos, 4)

sábado, 5 de maio de 2012

Pequeno Resumo da deficiência no Brasil!

a) 27 milhões de pessoas com deficiência existem no Brasil.

b) Destes, 70% vivem em situação de pobreza ou de extrema pobreza: são 18.900.00 pessoas.

c) mais de 50% das crianças e jovens com deficiência estão fora da escola;

d) Não se tem os índices, mas é previsível que a maioria esteja desempregada.

e) Não há acessibilidade arquitetônica na grande maioria das cidades brasileiras.

Com tecnologia, jovem deficiente faz música com polegares

Charlotte usa tecnologia ao favor dela e faz música com os polegares e a cabeça. Foto: BBC Brasil
Charlotte usa tecnologia ao favor dela e faz música com os polegares e a cabeça
Foto: BBC Brasil

Uma adolescente britânica, que teve a maior parte do corpo paralisada depois de um acidente, consegue tocar música usando apenas movimentos de seus polegares e da cabeça. Charlotte White teve um de seus vídeos, no qual ela toca uma suíte para violoncelo de Bach, postada na internet e gerou muito interesse na comunidade musical. A adolescente de 16 anos usa uma nova tecnologia para tocar. Com pequenos movimentos da cabeça, ela consegue interromper um raio magnético, o que desencadeia as notas da música.
Usando movimentos dos polegares, Charlotte aprendeu a controlar a configuração das notas disponíveis, num processo parecido com o do guitarrista que muda a forma dos acordes. A trajetória de Charlotte White foi retratada em um documentário exibido em março na BBC. Golpe na cabeça. Aos 11 anos Charlotte sofreu um golpe na cabeça, o que fez com que ela perdesse todos os movimentos do corpo. A adolescente passou cinco anos em longas internações em hospital para depois passar por um período de reabilitação no qual conseguiu retomar os movimentos da cabeça e, gradualmente, dos dedos.
No entanto, a jovem começou a ter problemas. "Tudo o que eu esperava era ficar fisicamente mais forte, o que não estava acontecendo, então foi muito deprimente. Eu apenas via as pessoas que deveriam melhorar a minha vida, mas parecia que isso nunca iria acontecer", contou a adolescente.
Aos 16 anos, Charlotte começou a frequentar uma escola mas não gostou das atividades oferecidas. "A musicoterapia é alguém na sua frente, batendo em um tambor ou tocando violão, e você deve dizer a eles todos os problemas de sua vida. É incrivelmente condescendente e muito chato", disse.
A adolescente então foi para o projeto Drake Music, na cidade de Bristol, uma organização que usa tecnologia para ajudar pessoas portadoras de deficiências a participarem de iniciativas musicais. Neste projeto, ela começou a trabalhar com Doug Bott e aprendeu a usar seus movimentos para tocar. Bott afirma que Charlotte se destacou logo no começo. "Ela tinha interesse em música clássica, o que não acontecia com muitos dos jovens com quem eu trabalhava na época, era interessada em trabalhar sozinha e do jeito dela", afirmou.
O vídeo da adolescente tocando Bach ganhou destaque na internet. Depois de um tempo, Charlotte participou de uma apresentação na escola, para a qual ela ensaiou muito. "Queria conseguir fazer isso, pois eu seria vista como uma pessoa, ao invés de apenas uma pessoa deficiente", disse. O projeto Drake Music gravou a performance de Charlotte e postou o vídeo na internet, o que gerou muito interesse da comunidade musical. Mas, também levantou questões sobre se a música feita desta forma deveria ser examinada da mesma forma que estudantes usando instrumentos convencionais são examinados.
"Eu queria estudar música na universidade, mas os estabelecimentos que formam músicos não reconhecem (a forma como toco) e, por isso, não pude progredir", conta a adolescente. Os examinadores que permitem que músicos entrem em universidades de música britânicas não examinam música tocada de forma eletrônica, mas estão trabalhando com a Drake Music para desenvolver esta área. "Estamos discutindo formas de avaliar a qualidade da performance musical de uma maneira que não está ligada a um instrumento em particular que a pessoa esteja tocando", disse Doug Bott. Apesar de não conseguir fazer as provas tradicionais de música, Charlotte recebeu um prêmio de artes do Trinity College de Londres e seu trabalho também conseguiu reconhecimento internacional.
Os organizadores de um festival de música na Noruega pediram que Charlotte compusesse músicas para o evento. "A música me inspirou, fez com que eu acreditasse que poderia conseguir qualquer coisa", disse a adolescente sobre sua reabilitação. "Fiquei mais entusiasmada (...), eu queria quebrar as barreiras e fazer as mesmas coisas que todo mundo, ao invés de ser rotulada apenas como uma pessoa deficiente. Comecei a aproveitar a vida e viver coisas que um adolescente faz." A adolescente agora entrou em uma universidade britânica, onde escolheu estudar política social e criminologia.

Deficiente ou “diferente”. O que fazer?

Em termos gerais, podemos definir que "Pessoa Portadora de Deficiência" é a que apresenta, em comparação com a maioria das pessoas, significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de factores inatos e/ou adquiridos, de carácter permanente e que acarretam dificuldades em sua integração com o meio físico e social.(...)
No domínio da saúde, deficiência representa qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatómica". Dizer que um indivíduo "tem uma deficiência" não implica, portanto, que ele tenha uma doença nem que tenha de ser encarado como "doente"
“Muitas pessoas não deficientes ficam confusas quando encontram uma pessoa com deficiência. Isso é natural. Todos nós podemos sentir-nos desconfortáveis diante do "diferente".
Esse desconforto diminui e pode até mesmo desaparecer quando existem muitas oportunidades de convivência entre pessoas deficientes e não-deficientes.
Não faça de conta que a deficiência não existe. Se você se relacionar com uma pessoa deficiente como se ela não tivesse uma deficiência, você vai estar ignorando uma característica muito importante dela. Dessa forma, você não estará se relacionando com ela, mas com outra pessoa, uma que você inventou, que não é real.
Aceite a deficiência. Ela existe e você precisa levá-la na sua devida consideração. Não subestime as possibilidades, nem super estime as dificuldades e vice-versa.
As pessoas com deficiência têm o direito, podem e querem tomar suas próprias decisões e assumir a responsabilidade por suas escolhas.
Ter uma deficiência não faz com que uma pessoa seja melhor ou pior do que uma pessoa não deficiente.+
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Provavelmente, por causa da deficiência, essa pessoa pode ter dificuldade para realizar algumas actividades e, por outro lado, poderá ter extrema habilidade para fazer outras coisas. Exactamente como todo mundo.
A maioria das pessoas com deficiência não se importa de responder perguntas, principalmente aquelas feitas por crianças, a respeito da sua deficiência e como ela transforma a realização de algumas tarefas. Mas, se você não tem muita intimidade com a pessoa, evite fazer muitas perguntas muito íntimas.
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Quando quiser alguma informação de uma pessoa deficiente, dirija-se directamente a ela e não a seus acompanhantes ou intérpretes.
Sempre que quiser ajudar, ofereça ajuda. Sempre espere sua oferta ser aceita, antes de ajudar. Sempre pergunte a forma mais adequada para fazê-lo.
Mas não se ofenda se seu oferecimento for recusado. Pois nem sempre as pessoas com deficiência precisam de auxílio. Às vezes, uma determinada actividade pode ser melhor desenvolvida sem assistência.
Se você não se sentir confortável ou seguro para fazer alguma coisa solicitada por uma pessoa deficiente, sinta-se livre para recusar. Neste caso, seria conveniente procurar outra pessoa que possa ajudar.

As pessoas com deficiência são pessoas como você. Têm os mesmos direitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos.
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(Clique aqui) e vá clicando no botão esquerdo do rato para passar os slides.
Você não deve ter receio de fazer ou dizer alguma coisa errada. Aja com naturalidade e tudo vai dar certo.
Se ocorrer alguma situação embaraçosa, uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom humor nunca falha.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Auto Preconceito

Por Guilherme Bara
Quando perdemos a visão ao longo da vida, principalmente na adolescência, muitas vezes, sofremos da principal barreira para nos adaptarmos e convivermos bem com esta nova situação, o autopreconceito.
As pessoas com deficiência adquirida não estão livres de um dos sentimentos inerentes ao ser humano: o preconceito.
Projetamos na sociedade nossa própria visão em relação à deficiência. Nossa dificuldade de aceitar o diferente, de evidenciar uma dificuldade, de aceitarmos as pessoas fora do padrão.
Criados em uma cultura excludente, em que o mundo é protagonizado por super homens e mulheres, muitas vezes demoramos para encontrar o caminho alternativo para fazer as coisas com naturalidade. Ler usando braille, pedir ajuda para encontrar algo ou andar com o auxílio do condutor são atitudes que negamos em prol de uma suposta normalidade, de um jeito aceito pela sociedade e por nós.
Recusamos ajuda, dizemos não ao recurso, abrimos mão de ferramentas por considerarmos símbolos de uma situação de inferioridade, de incapacidade.
Procuramos o padrão para sermos aceitos, para aceitarmos a nós mesmos.
Insistimos em fingir que somos o que não somos.
Mas tem uma hora, ainda bem, que dá tudo errado. Tropeçamos feio no degrau que fingimos ver, falamos a coisa certa para a menina errada, entramos na porta que estava fechada. Só aí sentimos a dor da mudança, uma dor profunda que faz a gente parar para refletir, parar para procurar um novo caminho. Faz com que pensemos se somos maiores ou menores que os símbolos dos quais insistimos em fugir.
Mais cedo ou mais tarde, com menos ou mais dor, nós encontramos o caminho. Percebemos que maior que qualquer símbolo é a pessoa e suas atitudes; percebemos que não enganávamos ninguém, e aí começamos a assumir nossa condição e os recursos para que tenhamos plenitude em nossas ações.
Quem dependia de alguém para ler o texto, passa a usar o Braille ou o leitor de tela; no lugar de pedirmos ajuda para ir até a esquina, andamos com autonomia usando uma bengala; perguntamos onde está ao invés de disfarçarmos para procurar. Quando assumimos os recursos nos damos a oportunidade de sermos capazes.
O primeiro passo para a inclusão é incluirmos a nós mesmos, já que a aceitação pelos outros passa, inicialmente, pela nossa autoaceitação

FONTE:http://www.blogdoguilhermebara.com.br/tag/autopreconceito/

PESQUISA DA AACD REVELA QUE ACIDENTE COM MOTO É A PRIMEIRA CAUSA DE LESÃO MEDULAR

Acidente com meios de transporte é a principal causa de paraplegia e tetraplegia. Em segundo lugar estão as lesões por armas de fogo.
A Clínica de Lesão Medular da AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente - divulga pesquisa que aponta os acidentes de trânsito como a primeira causa de lesão medular. Os dados dizem respeito ao ano de 2008. Segundo o levantamento, foram atendidos 195 pacientes entre adultos e crianças. Destes, 77,4% tiveram lesões traumáticas (acidentes de trânsito, tiro, quedas, por exemplo) e 22,6% lesões não traumáticas (tumores, infecções, acidentes vasculares, por exemplo).
Dentre os números de vítimas de lesão medular por acidentes de trânsito, os acidentes com moto lideram o ranking com 43,6% dos casos, seguidos pelos acidentes de carro que representam 36,4%, atropelamento 12,7%. Acidente com bicicleta e acidente com caminhão somam 7,2%.
Para Eduardo de Almeida Carneiro, presidente voluntário da AACD, conscientização e condições que permitam que as motos circulem sem taxa de risco tão elevada são as ações que podem diminuir o número de acidentes. “Motocicleta é um meio de transporte imprescindível e consolidado, sobretudo na capital paulista. Não nos cabe nenhuma tentativa de acabar com esse meio de transporte. O que nos cabe, como missão de Estado, é criar uma boa legislação, fiscalização mais rigorosa e melhores condições de tráfego”.
Uma das alternativas, segundo Carneiro, é a criação de pistas exclusivamente para motos não nas vias principais, mas nas paralelas. “O motociclista pode achar uma opção ruim, mas depois ele vai perceber que ganhou não só mais velocidade. Ganhou, também, mais mobilidade e, sobretudo, mais segurança”.
Conscientização é outro caminho que deve ser seguido, de acordo com o presidente voluntário da AACD, “e trabalhar nesse sentido também é uma missão de Estado”, afirma. “Motoristas de automóveis e motocicletas precisam se conscientizar dos riscos que implicam dirigir uma motocicleta ou um automóvel que esteja rodeado por motos. Em outras palavras, abominar a motocicleta não é o caminho correto. Trata-se de uma questão de conscientização e de criar condições que permitam que esse meio de transporte possa fluir com menos risco”.
Sobre AACD
A AACD, Associação de Assistência à Criança Deficiente é uma instituição sem fins lucrativos cuja missão é “Promover a prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência física, favorecendo a integração social. Realiza mais de 5 mil atendimentos por dia em suas 9 unidades espalhadas pelo Brasil. Unidades: AACD Ibirapuera (SP), AACD Mooca (SP), AACD Osasco (SP), AACD São José do Rio Preto.(SP), AACD Pernambuco, AACD Minas Gerais, AACD Rio Grande do Sul, AACD Rio de Janeiro e AACD Santa Catarina
Pesquisa realizada em 2009

Fonte: AACD

sábado, 21 de abril de 2012

Eu quero. Eu posso. Eu consigo!

Estas três frases é tudo que você precisa pra entender como uma pessoa sai da inércia para o movimento, do comodismo para a ação.
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1. EU QUERO
Nem sempre querer é poder, mas o desejo por algo é o primeiro passo para conseguirmos atingir uma meta pessoal ou ter um bem que consideramos importante, aquela frase “não há vento favorável para quem não sabe pra onde vai” pode ser mesmo verdade, pois se você não sabe o quer nem sabe onde quer chegar certamente sua caminhada será um labirinto que não te levará a lugar algum. Quando deixamos a vida nos levar assim sem saber ao certo pra onde ir, vamos assistindo a vida passar diante dos nossos olhos, é o que a física chama de inércia:
INÉRCIA - Segundo essa propriedade, se um corpo está em repouso, ou seja, se a resultante das forças que atuam sobre ele for nula, ele tende a ficar em repouso. E se ele está em movimento ele tende a permanecer em movimento retilíneo uniforme. (Primeira lei de Newton – Brasil Escola)
“Um corpo só permanece em movimento se estiver atuando sobre ele uma força”. (Primeira lei de Newton – Brasil Escola)
Querer é a primeira força que irá fazer você se movimentar e superar suas dificuldades.
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2. EU POSSO
Não basta só querer, é preciso saber se é possível conseguir o objetivo pretentido, estudar as possibilidades, planejar os passos a serem dados e ir a luta. Quando escrevi o valor de uma perda eu abordei sobre isso quando disse:
Comecei a buscar apenas as coisas possíveis e plenamente alcançáveis, parei de acreditar em milagres e atribuir a tudo ao “se deus quiser”, as coisas que conquistei na vida foram resultados de lutas que eu tinha plena consciência e certeza de que era possível conseguir, não era um sonho, era uma meta que tinha todas as condições de ser alcançada, quando eu tinha esta certeza eu continuava a busca, quando via que era muito pouco provável de acontecer eu desistia e buscava outros caminhos pra realizar o que eu queria ou desistia. (O valor de uma perda – Escritos Ideológicos)
Você precisa saber do que é capaz.
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3. EU CONSIGO
Quando percebemos que temos condições de alcançar algo que queremos muito mas não encontramos força suficiente para conseguir, precisamos encontrar meios que irão facilitar nosso caminho.

FONTE:http://www.escritosideologicos.com/2010/11/eu-quero-eu-posso-eu-consigo.html

Deficiência Física

Definição

É a disfunção ou interrupção dos movimentos de um ou mais membros: superiores, inferiores ou ambos e conforme o grau do comprometimento ou tipo de acometimento fala-se em paralisia ou paresia.

O termo paralisia se refere à perda da capacidade de contração muscular voluntária, por interrupção funcional ou orgânica em um ponto qualquer da via motora, que pode ir do córtex cerebral até o próprio músculo; fala-se em paralisia quando todo movimento nestas proporções são impossíveis.

O termo paresia refere-se quando o movimento está apenas limitado ou fraco. O termo paresia vem do grego PARESIS e significa relaxação, debilidade. Nos casos de paresias, a motilidade se apresenta apenas num padrão abaixo do normal, no que se refere à força muscular, precisão do movimento, amplitude do movimento e a resistência muscular localizada, ou seja, refere-se a um comprometimento parcial, a uma semiparalisia.



Classificação das paralisias

Dependendo do número e da forma como os membros são afetados pela paralisia, foi sugerida por WYLLIE (1951), a seguinte classificação:

· Monoplegia – condição rara em que apenas um membro é afetado.

· Diplegia – quando são afetados os membros superiores.

· Hemiplegia – quando são afetados os membros do mesmo lado.

· Triplegia – condição rara em que três membros são afetados.

· Tetraplegia/ Quadriplegia – quando a paralisia atinge todos os membros; sendo que a maioria dos pacientes com este quadro apresentam lesões na sexta ou sétima vértebra.

· Paraplegia – quando a paralisia afeta apenas os membros inferiores; podendo ter como causa resultante uma lesão medular torácica ou lombar. Este trauma ou doença altera a função medular, produz como conseqüências, além de déficits sensitivos e motores, alterações viscerais e sexuais.



Causas diversas ou desconhecidas

· Paralisia Cerebral: por prematuridade; anóxia perinatal; desnutrição materna; rubéola; toxoplasmose; trauma de parto; subnutrição; outras.

· Hemiplegias: por acidente vascular cerebral; aneurisma cerebral; tumor cerebral e outras.

· Lesão medular: por ferimento por arma de fogo; ferimento por arma branca; acidentes de trânsito; mergulho em águas rasas. Traumatismos diretos; quedas; processos infecciosos; processos degenerativos e outros.

· Amputações: causas vasculares; traumas; malformações congênitas; causas metabólicas e outras.

· Febre reumática – (doença grave que pode afetar o coração);

· Câncer;

· Miastenias graves (consistem num grave enfraquecimento muscular sem atrofia).



Bibliografia

SOUZA, P. A. – O Esporte na Paraplegia e Tetraplegia. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 1994.

Pessoas que ficaram deficientes já adultas contam como venceram as dificuldades físicas e emocionais e retomaram suas vidas



Simone Cristina Cardoso Negreiros, de 43 anos, tinha 22 quando ficou paraplégica em decorrência de um tiro. Também com essa idade, Rogério Régis Bittencourt dos Santos, de 33 anos, perdeu a visão devido a complicações da diabete. A mesma doença causou, há um ano, a amputação da perna esquerda de Antônio Gomes Nogueira Neto, de 63 anos. Há cinco anos, José dos Santos, de 56 anos, foi atropelado por um ônibus e perdeu a perna esquerda. Para todos eles, a primeira sensação foi de “morte”, de “perder o chão”, como descrevem. Mas, com apoio de parentes, amigos e profissionais de saúde, eles conseguiram vencer os obstáculos, físicos e emocionais, em um difícil, porém, possível, recomeço.

De acordo com o censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em torno de 15% dos moradores de Campinas (147 mil pessoas) convivem com alguma deficiência. O dado não especifica o percentual de casos congênitos e adquiridos. Em São Paulo, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência estima que são 5 milhões de pessoas. Milhões de brasileiros adquirem alguma deficiência ao longo da vida, seja em decorrência de alguma patologia ou de acidentes variados. E reaprender a viver com a nova realidade não é tarefa simples.

“O primeiro passo é vivenciar o luto”, diz a neurologista e coordenadora do Programa Municipal de Reabilitação, Maria Luiza Brollo. “A partir daí, a pessoa tem que perceber os dois caminhos que tem à frente: da recuperação, quando possível, ou da adaptação com a função perdida”, explica.

Simone levou um tiro do ex-marido, que não aceitou a separação, e conta que foram três dias para decidir que queria continuar vivendo. “Foi como se o chão se abrisse e eu caísse num buraco sem fim. Durante três dias, me perguntei: fico na cama me remoendo ou ergo a cabeça e sigo em frente? E resolvi pela segunda opção.”

Foram 51 dias internada no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde aprendeu a usar a cadeira de rodas. “No hospital foi fácil, você tem todo apoio. Quando sai para o mundo é que a coisa pega”, diz, citando que a principal dificuldade que enfrenta até hoje são as barreiras arquitetônicas. “Mas, hoje, convivo com a cadeira com toda naturalidade, cuido da casa, cozinho, faço compras, tenho uma vida bem ativa”, diz.

Logo depois de sair do hospital, Simone começou a jogar handebol, na própria Unicamp. “Recuperei a autoestima, me casei, aprendi a lidar com computador, arrumei um emprego, comecei uma faculdade (está no 2º ano de relações públicas), jogo tênis. Estou feliz. Dei um giro de 360 graus na minha vida”, afirma. “Quando você põe na cabeça que consegue, as pessoas param de te olhar com dó.”

Mudança de foco
Para Rogério Bittencourt também não foi fácil. Ele era fotógrafo e, ao perder a visão, teve que repensar e recomeçar também a vida profissional. “Foi uma mudança radical. Mas sou teimoso. Passei uma noite inteira disparando a máquina, depois nunca mais a usei”, conta.

Aprender a usar o computador como instrumento de apoio foi só o primeiro desafio. Para prestar vestibular para a faculdade de letras, em Bragança Paulista, teve que entrar com ação judicial porque o estabelecimento não estava preparado para receber deficientes. “Consegui passar, mas tive que abandonar o curso porque estava desempregado e não tinha como pagar”, diz.

Ele também precisou brigar judicialmente para assumir o cargo do primeiro concurso que prestou, para a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp). Prestou depois um segundo concurso, para a Prefeitura de Bragança Paulista, e conseguiu o emprego. Sem se acomodar, participou de um terceiro concurso, do Ministério Público (MP), onde trabalha há oito anos.

Nesta maratona, descobriu sua verdadeira vocação e foi fazer Direito. “Depois de tantos processos judiciais que enfrentei, pensei: ‘Quero ser como esses caras e ajudar as pessoas’.” A faculdade foi concluída e Bittencourt agora tenta passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para exercer a profissão. A única barreira que não superou foi a leitura em braile. “Consigo ler marcas, cor de roupas, CDs, mas não leio fluentemente. Supro essa carência com um software que lê os livros no computador.”

Fonte: Correio Popular - Campinas

CAROS LEITORES, LEIAM ESTE POEMA LINDÍSSIMO!!!

Superação

Podemos passar inúmeras dificuldades, e ter de batalhar muito para alcançar certos objetivos e, ainda assim, morrermos na praia.
Podemos deixarmo-nos consumir pelo trabalho, e perder noites de sono ou deixar de passar finais de semana com a família apenas por que temos extrema necessidade de conseguir recursos para mantermos uma vida digna, ou amargarmos um período obscuro de desemprego.
Podemos assistir a injustiça bater à nossa porta e perceber, infelizmente, que em algumas ocasiões não há absolutamente nada a fazer.
Podemos chorar com o coração partido a perda da pessoa amada ou de um ente querido.
Podemos, por tanta coisa negativa que aconteça, julgarmos que tudo sempre dar errado conosco e maldizermos nossa sorte.
Depois de tudo isto até podemos deixar passar pela cabeça a estúpida idéia de fazer uma grande besteira consigo mesmo, desde que seja exatamente assim:que tal idéia passe – e nunca mais volte, por que a Vida é Superação!
Nós não nascemos andando, não nascemos falando, nem pensando tanta bobagem - e o que não podemos em hipótese alguma é perdermos o ânimo, o espírito, e nossa capacidade de amar, de se superar e de viver!
Augusto Branco

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Primeira piloto sem braços



Uma americana do Estado do Arizona superou o problema congênito, que fez com que nascesse sem os braços, e se tornou a primeira piloto a usar apenas os pés para conduzir uma aeronave. Jessica Cox, 25 anos, garante que a única coisa que não faz é usar a frase “eu não posso”.
O instrutor afirma que alguns outros alunos não chegam perto da habilidade que Jessica demonstra.
“Quando ela chegou aqui dirigindo um carro, eu sabia que ela ia pilotar um avião sem qualquer problema”, diz. “Ela é uma boa piloto. É uma rocha sólida”, completa Traweek Parrish.
A maior dificuldade de Jessica foi encontrar um avião compatível a sua capacidade, mas ela finalmente o achou. A aeronave fabricada em 1940 serve perfeitamente aos vôos da nova piloto.
Esta não é primeira tarefa aparentemente difícil que Jessica supera. Além de atividades do dia a dia, como pentear os cabelos, usar o telefone e dirigir, ela, que se formou em Psicologia, é bailarina profissional e faixa preta no Taekwondo.
Pensei bastante antes de escrever essa matéria aqui. Muitos vão achar discriminação e tal mas vamos concordar, eu pelo menos teria medo de voar com um piloto usando os pés, e num avião de 1940? Tá louco.
Mas para que não pensei que sou uma pessoa horrivel já digo de cara que fiquei beem impressionada, imagina, de tudo o que essa mulher faz a única coisa que eu também faço é pentar os cabelos.


Deficiente conta história de superação para realizar o sonho do filho

O livro Pé na Estrada é uma aventura sem limites, indicada para toda a família. Amor, dedicação e muita força de vontade impulsionam os personagens a completarem a missão. Eles se movem de uma cidade à outra com a ajuda do personagem principal, que é um deficiente físico. Em seu quarto livro publicado, primeiro infantil, Ari Heck narra sua própria aventura, buscando realizar o sonho de um de seus filhos.
Tudo começou em 2001, quando o filho mais velho do autor, Tiago, hoje com 18 anos, comentou que se sentia triste pelo fato de seus amigos e colegas realizarem passeios e aventuras com seus pais e ele não. Então Ari prometeu ao filho que se ele fosse aprovado na escola realizariam uma aventura à sua escolha.

No final do mesmo ano, pai e filho começaram o treinamento e deram início à viagem. Saíram de Ijuí, três meninos de bicicleta e Ari com uma moto quadriciclo. Passaram por Catuípe, Independência, Três Maio e encerraram o trajeto em Boa Vista do Buricá. Depois de percorrer 110 quilômetros de esfalto.

Anos mais tarde, o filho mais novo do autor, Mateus, pediu que ele contasse histórias. Como o seu estoque já estava esgotado, o menino pediu ao pai que fosse contada uma história própria, da aventura vivida com seu irmão.
Ao começar sua narrativa, Mateus o informa de que histórias para crianças devem começar com “era uma vez”. Surge então a idéia de transformar a jornada em um livro para crianças.

A maior dificuldade foi a mudança de linguagem, para que as crianças pudessem entender o livro. Como Ari é formado e pós-graduado em Direito, a linguagem escrita foi voltada para o jurídico. Quem ajudou nessa modificação foi Mateus, que o questionava sobre termos que não compreendia. Assim, Ari pôde buscar uma linguagem mais apropriada para o entendimento infantil.
Ari Heck é natural de Boa Vista do Buricá, viveu 19 anos em Ijuí e há cinco mora na cidade de Triunfo, onde é Presidente da ASTRIDEF - Associação dos Deficientes Físicos de Triunfo. Também foi vereador em Ijuí por 8 anos. Ari já pensava em ser escritor na infância, mas, a partir dos 15 anos, a paixão pela literatura se consolidou.

Seu primeiro livro publicado foi O que é ser jovem?, uma seleção de textos de jovens de todo o país. A história de Ari trata sobre como é ser um jovem deficiente. O segundo trabalho foi Poemas sem preconceitos. Nele, as dificuldades físicas transformam-se em facilidades para a Humanidade, devido à sua criação poética.
Em 2005, Ari Heck lançou o livro Manual do Vereador. A obra traz mais de sessenta projetos de leis, pareceres e artigos, parte deles voltada aos direitos dos deficientes físicos.
Sua perspectiva para o próximo livro é tratar sobre a importância da vacinação contra a paralisia infantil, doença que causou sua deficiência física.

Ari comenta que seu filho Tiago não queria ser vacinado para no futuro ser como o pai. Já Mateus sempre fez questão de tomar as gotinhas, por julgar que o pai enfrenta muitos problemas devido à deficiência.

O autor acredita que o fato de lançar o seu último trabalho na Feira do Livro é muito interessante, porque ela é uma vitrine. Ele pretende programar uma sessão de autógrafos em Triunfo ainda neste ano.
Nos dias 01, 02 e 03 de dezembro acontece a Feira da Indústria e Comércio na cidade de Boa Vista do Buricá. Na abertura do evento, Ari também realizará uma sessão de autógrafos. O autor pretende chegar com sua moto no evento e autografar os livros em cima dela.
O livro Pé na Estrada é um lançamento da Editora Imprensa Livre e pode ser encontrado em todas as livrarias pelo valor de R$ 12,00.

As pessoas com deficiência na história do Brasil.

02/10/2011 - Vinícius Gaspar Garcia.
No texto anterior, buscou-se recuperar marcos históricos da trajetória das pessoas com deficiência na História Mundial. Na postagem abaixo, o mesmo é realizado para a História do Brasil.

Trajetória das pessoas com deficiência na História do Brasil: “Caminhando em silêncio”.

Os arquivos da História brasileira registram referências variadas a “aleijados”, “enjeitados”, “mancos”, “cegos” ou “surdos-mudos”. No entanto, assim como ocorria no continente europeu, a quase totalidade dessas informações ou comentários está diluída nas menções relativas à população pobre e miserável. Ou seja, também no Brasil, a pessoa deficiente foi incluída, por vários séculos, dentro da categoria mais ampla dos “miseráveis”, talvez o mais pobre entre os pobres (Silva, 1987).
Figueira (2008) realiza trajetória semelhante àquela de Silva (1987), mas concentra-se na história do Brasil. Figueira (2008) propõe que seu livro marque uma introdução à história das pessoas com deficiência no Brasil, definindo também sua tese principal, com a qual concordamos integralmente: “(...) as questões que envolvem as pessoas com deficiência no Brasil – por exemplo, mecanismos de exclusão, políticas de assistencialismo, caridade, inferioridade, oportunismo, dentre outras – foram construídas culturalmente” (grifos nossos. Figueira, 2008, p.17). Assim sendo, é importante termos em mente que questões culturais demoram a ser revertidas, mas este é o movimento que tem sido priorizado pelas pessoas com deficiência nas últimas décadas.
Tendo em vista essa perspectiva geral, Figueira (2008) inicia seu percurso com os primeiros “ecos históricos” da formação do Brasil. Através deles, é possível identificar aspectos importantes, como a política de exclusão ou rejeição das pessoas com algum tipo de deficiência praticada pela maioria dos povos indígenas, os maus-tratos e a violência como fatores determinantes da deficiência nos escravos africanos, e como, desde os primeiros momentos da nossa história, consolidou-se a associação entre deficiência e doença.

População Indígena.

Sobre o primeiro aspecto, são reproduzidos relatos históricos que atestam condutas, práticas e costumes indígenas que significavam a eliminação sumária de crianças com deficiência ou a exclusão daquelas que viessem a adquirir algum tipo de limitação física ou sensorial. Cabe destacar que não podemos julgar tais práticas com os olhos de hoje, o que levaria a uma análise pejorativa e até mesmo preconceituosa em relação à população indígena.
Mas, dito isso, deve-se reconhecer que, entre as populações indígenas que habitavam o território que viria a ser o Brasil, predominou a prática de exclusão das crianças e abandono dos que adquiriam uma deficiência. Tais costumes não diferem muito daqueles também observados em outros povos da História Antiga e Medieval, onde a deficiência, principalmente quando ocorria no nascimento de uma criança, “não era vista com bons olhos”, mas sim entendida como um mau sinal, castigo dos deuses ou de forças superiores.
As crendices e superstições associadas às pessoas com deficiência continuaram a se reproduzir ao longo da história brasileira. Assim como os curandeiros indígenas, os “negro-feiticeiros” também relacionavam o nascimento de crianças com deficiência a castigo ou punição. Na verdade, mesmo para doutrinas religiosas contemporâneas, até as deficiências adquiridas são vistas como previamente determinadas por forças divinas ou espirituais. Não vamos explorar essa questão neste artigo, mas vale o registro desse aspecto que, de certa forma, é uma contradição com o paradigma social e dos direitos humanos com que se tem tratado esse assunto.

Os Negros Escravos.

Longe de ser um mal sobrenatural, a deficiência física ou sensorial nos negros escravos decorreu, inúmeras vezes, dos castigos físicos a que eram submetidos. De início, a forma como se dava o tráfico negreiro, em embarcações superlotadas e em condições desumanas, já representava um meio de disseminação de doenças incapacitantes, que deixavam seqüelas e não raro provocavam a morte de um número considerável de escravos.
Os documentos oficiais da época não deixam dúvidas quanto à violência e crueldade dos castigos físicos aplicados tanto nos engenhos de açúcar como nas primeiras fazendas de café. O rei D. João V, por exemplo, em alvará de 03 de março de 1741, define expressamente a amputação de membros como castigo aos negros fugitivos que fossem capturados. Uma variedade de punições, do açoite à mutilação, eram previstas em leis e contavam com a permissão (e muitas vezes anuência) da Igreja Católica. Talvez o número de escravos com deficiência só não tenha sido maior porque tal condição representava prejuízo para o seu proprietário, que não podia mais contar com aquela mão-de-obra.

Os Colonos Portugueses.

Os colonos portugueses, desde o momento em que chegaram ao território descoberto por Cabral, sofreram com as condições climáticas, como o forte calor, além da enorme quantidade de insetos. Estas características tropicais repercutiram na saúde e bem-estar dos europeus, sendo que “algumas dessas enfermidades de natureza muito grave chegaram a levá-los a aquisição de severas limitações físicas ou sensoriais” (Figueira, 2008, p. 55). Observando a formação da população no Brasil Colonial, o historiador da medicina Licurgo Santos Filho acentua que: “tal e qual como entre os demais povos, e no mesmo grau de incidência, o brasileiro exibiu casos de deformidades congênitas ou adquiridas. Foram comuns os coxos, cegos, zambros e corcundas” (Santos Filho apud Figueira, 2008, p. 56). As condições de tratamento da maioria das enfermidades não eram adequadas e continuariam assim por várias décadas.

Século XIX.

Já no século XIX, a questão da deficiência aparece de maneira mais recorrente em função do aumento dos conflitos militares (Canudos, outras revoltas regionais e a guerra contra o Paraguai). O general Duque de Caxias externou ao Governo Imperial suas preocupações com os soldados que adquiriam deficiência. Foi então inaugurado no Rio de Janeiro, em 29 de julho de 1868, o “Asilo dos Inválidos da Pátria”, onde “seriam recolhidos e tratados os soldados na velhice ou os mutilados de guerra, além de ministrar a educação aos órfãos e filhos de militares” (Figueira, 2008, p. 63). Apesar da intenção humanitária, as referências históricas expressam um quadro de extrema precariedade no funcionamento da instituição durante o período imperial . Mesmo assim, e certamente com alguma melhora nas condições de atendimento, o Asilo Inválidos da Pátria permaneceu funcionando por 107 anos, somente sendo desativado em 1976.

O Século XX e o Modelo Médico.

O avanço da medicina ao longo do século XX trouxe consigo uma maior atenção em relação aos deficientes. A criação dos hospitais-escolas, como o Hospital das Clínicas de São Paulo, na década de 40, significou a produção de novos estudos e pesquisas no campo da reabilitação. Nesse contexto, como não poderia ser diferente, havia uma clara associação entre a deficiência e a área médica. Na verdade, ainda em meados do século XIX, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), ficava explícita uma relação entre doença e deficiência que, sem exagero algum, permanece até os dias atuais (em que pese a luta do movimento organizado das pessoas com deficiência a partir de 1981 pelo chamado “modelo social” para tratar dessa questão, em oposição ao modelo “médico-clínico”).
O fato é que, ao longo de nossa história, assim como ocorreu em outros países, a deficiência foi tratada em ambientes hospitalares e assistenciais. Ao estudar o assunto, os médicos tornavam-se os grandes especialistas nessa seara e passavam a influenciar, por exemplo, a questão educacional das pessoas com deficiência, tendo atuação direta como diretores ou mesmo professores das primeiras instituições brasileiras voltadas para a população em questão.
O grau de desconhecimento sobre as deficiências e suas potencialidades, porém, permaneceu elevado na primeira metade do século XX, o que se percebe pelo número considerável de pessoas com deficiência mental tratadas como doentes mentais. A falta de exames ou diagnósticos mais precisos resultou numa história de vida trágica para milhares de pessoas nesta condição, internadas em instituições e completamente apartadas do convívio social.
Antes da existência das instituições especializadas, as pessoas com deficiência tiveram, em grande medida, sua trajetória de vida definida quase que exclusivamente pelas respectivas famílias. O Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), que citamos acima, marca o momento a partir do qual a questão da deficiência deixou de ser responsabilidade única da família, passando a ser um “problema” do Estado. Mas não enquanto uma questão geral de política pública, pois o que ocorreu foi a transferência dessa responsabilidade para instituições privadas e beneficentes, eventualmente apoiados pelo Estado. Estas instituições ampliaram sua linha de atuação para além da reabilitação médica, assumindo a educação das pessoas com deficiência. Até 1950, segundo dados oficiais, havia 40 estabelecimentos de educação especial somente para deficientes intelectuais (14 para outras deficiências, principalmente a surdez e a cegueira).
Na década de 40, cunhou-se a expressão “crianças excepcionais”, cujo significado se referia a “aquelas que se desviavam acentuadamente para cima ou para baixo da norma do seu grupo em relação a uma ou várias características mentais, físicas ou sociais” (Figueira, 2008, p. 94). O senso comum indicava que estas crianças não poderiam estar nas escolas regulares, do que decorre a criação de entidades até hoje conhecidas, como a Sociedade Pestallozzi de São Paulo (1952) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE do Rio de Janeiro (1954). Essas entidades, até hoje influentes, passaram a pressionar o poder público para que este incluísse na legislação e na dotação de recursos a chamada “educação especial”, o que ocorre, pela primeira vez, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961.
Felizmente, percebeu-se com o tempo que, assim como acontecia em outros países, as pessoas com deficiência poderiam estar nos ambientes escolares e de trabalho comuns a toda população, freqüentando também o comércio, bares, restaurantes ou prédios públicos, enfim, não precisariam estar sempre circunscritas ao espaço familiar ou das instituições especializadas. Esta percepção está refletida na expansão de leis e decretos sobre os mais variados temas a partir, principalmente, da década de 80, como discutiremos mais à frente.

Novo Modelo.

A nossa trajetória histórica, quando as pessoas com deficiência eram “ignoradas” ou “caminhavam em silêncio”, se encerra no ano de 1981, declarado pela ONU como Ano Internacional da Pessoa Deficiente (AIPD).
De acordo com Figueira (2008): “Se até aqui a pessoa com deficiência caminhou em silêncio, excluída ou segregada em entidades, a partir de 1981 – Ano Internacional da Pessoa Deficiente -, tomando consciência de si, passou a se organizar politicamente. E, como conseqüência, a ser notada na sociedade, atingindo significativas conquistas em pouco mais de 25 anos de militância”. Figueira, 2008, p. 115).
A palavra-chave do AIPD foi “conscientização”, tendo sido organizadas várias manifestações para alertar sobre a própria existência e os direitos das pessoas com deficiência contra a invisibilidade. Em que pesem as críticas e relatos eventuais de descontentamento, o fato é que, para a maioria daqueles que estiveram envolvidos, o Ano Internacional cumpriu o seu papel de chamar a atenção da sociedade para a questão da deficiência. Como afirma Figueira: “boa ou má, a situação das pessoas com deficiência começou a ser divulgada a partir de 1981. Inclusive, elas mesmas começaram a tomar consciência de si como cidadãs, passando a se organizar em grupos ou associações” (Figueira, 2008, p. 119).
Em outras palavras, é claro que anteriormente tivemos inúmeros casos de êxito individual de pessoas com deficiência, mas 1981 marca um reconhecimento mútuo e coletivo da situação em que se encontravam muitos portadores de deficiência. Um mundo “obscuro” ou “ignorado”, nas palavras de publicações da época, não poderia mais ser escondido da sociedade e do poder público, continuando somente como “um peso ou fardo individual e/ou familiar”.
Portanto, o percurso histórico das pessoas com deficiência no Brasil, assim como ocorreu em outras culturas e países, foi marcado por uma fase inicial de eliminação e exclusão, passando-se por um período de integração parcial através do atendimento especializado. Estas fases deixaram marcas e rótulos associados às pessoas com deficiência, muitas vezes tidas como incapazes e/ou doentes crônicas. Romper com esta visão, que implica numa política meramente assistencialista para as pessoas com deficiência, não é uma tarefa fácil. Mas, com menor ou maior êxito, isso foi feito com o avanço da legislação nacional sobre este tema, contando agora com a contribuição direta das próprias pessoas com deficiência.
Este movimento culmina com a ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) pelo Brasil, conferindo-lhe status de emenda constitucional. A participação direta e efetiva dos indivíduos com limitações físicas, sociais e cognitivas na elaboração da Convenção (e posteriormente na sua internalização) não foi fruto do acaso, mas decorre do paulatino fortalecimento deste grupo populacional, que sobreviveu e passou a exigir direitos civis, políticos, sociais e econômicos.